Siga-nos! 

1- 0 que é a vida do Camelo?

A vida do Camelo é a vida que se consagra, como por ofício, ao perene colóquio com Deus. Dedicando-se somente a Deus, em assídua oração e alegre penitência, reproduz e manifesta ao mundo com sua própria vida "Cristo escondido em contemplação no monte".
Os nossos esforços cotidianos não têm outro fim senão o de colocar o nosso espírito, e o nosso coração, sempre mais estreitamente em contacto com o Senhor, que nos convida a tomar parte na Obra da Redenção. É o ser inteiro que se fixa em Deus, é o espírito que se volta incessantemente para Ele, como a um pólo de atração irresistível. Tudo isso é facilitado pela atmosfera de silêncio, solidão, tempos fortes de oração, próprios do Camelo, contribuindo a consolidar o Amor, para o qual tendemos.

2 - Qual a maior alegria na Vida Religiosa?

A maior alegria consiste em experimentar paz e íntima satisfação na posse de Deus. 0 amor de Deus só por si provoca alegria. Na medida em que a monja se deixa tomar por Deus, por esse amor infinito, experimenta alegria e sente que nada lhe falta, só Deus basta! A alegria da monja é experiência de amor, é posse da Verdade, é o encantamento, adesão plena e radical à Pessoa do Cristo Vivo.
Consagrar todos os dias um tempo suficientemente longo a estar na Sua Presença, para confessar-lhe o seu amor e, sobretudo para deixar-se amar por Ele é para a monja a felicidade perfeita.

3 - 0 que foi mais difícil para uma religiosa deixar, para entregar-se ao Senhor?

Para a maioria foi deixar a família, os amigos, o trabalho; para outras, deixar certos passeios, diversões, viagens, embora o mais difícil seja o deixar-se a si mesma. Mas, quando o chamado do Senhor se concretiza, a vocacionada sente que o deixar tudo, é uma exigência do amor e da solicitude única da alma. Então, dá com alegria. É como o Apóstolo S. Paulo dizia: "Desde que cheguei ao conhecimento de Cristo, meu Senhor, todas as coisas que considerei vantajosas, agora as considero como lixo".
Não quer dizer que as despreza, mas, em vista do conhecimento supremo de Cristo, sente-se estimulada a abandonar todas as coisas, muito estimáveis, sem dúvida, mas que poderiam comprometer o progresso no amor. Quer ser livre de tudo para uma entrega total e exclusiva a Deus.

4 - A senhora considera sua vocação ainda válida nos tempos atuais, isto é, permanecendo enclausurada nos conventos, enquanto há um trabalho enorme para o cristão fazer no mundo?

Sim! Se o Carmelo representa a ORAÇÃO, sua atualidade é inalterável, pois a necessidade de orar é igual em todos os tempos, tão atual quanto o Evangelho, pois é o preceito que Jesus nos deixou. Esta nossa convicção é corroborada pela palavra do Santo Padre João Paulo II em diversas circunstâncias.
Como exemplo gostaria citar as que dirigiu em Guadalajara, ás Religiosas de Clausura: “Sim, a vossa vida tem agora, mais importância do que nunca; a vossa consagração total tem plena atualidade. Num mundo que se vai perdendo o sentido do Divino, perante a supervalorização do material, vós, queridas religiosas, comprometidas, nos vossos claustros, em serdes testemunhas do Senhor para o mundo de hoje, infundi com a vossa oração, um novo sopro de vida na Igreja e no homem atual”
“Os Institutos que se dedicam à contemplação conservam sempre um lugar muito alto no Corpo Místico de Cristo, em que nem todos os membros têm a mesma função”.
Quem é chamado a esta vida deve aplicar totalmente a sua capacidade de amar na adoração e na prece, e a própria existência deve gritar silenciosamente o primado de Deus, levando mesmo, homens, mulheres e jovens a pensar e a interrogar-se sobre o sentido da vida.

5. Esta forma de vida não as aliena das necessidades do mundo?”

Não! Posso mesmo afirmar: por nossa união com Cristo estamos como que dotadas de uma misteriosa faculdade de captar e sentir as necessidades dos nossos irmãos. Não podia ser de outro modo, pois o coração que se doa totalmente a Deus, abre-se ao em dimensão universal de amor desinteressado por todos os irmãos em Cristo. tudo o que somos, o que fazemos cada dia, tudo é assumido, santificado e utilizado por Cristo para a redenção do mundo.
Temos certeza que uma “pausa de verdadeira adoração produz mais fruto espiritual, que a mais intensa atividade”. Espiritualmente estamos presentes a todas as necessidades do mundo. Através de nossas vidas de claustrais são crianças levadas a Cristo, são confortados os doentes, assistidos os necessitados, corações humanos são reconciliados e os pobres recebem a pregação do Evangelho.
Nossa vida e nossa atividade estão na Igreja e são para a Igreja.

Monjas Carmelitas Descalças
Carmelo de Santos