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FREI MARCOS HIDEO MATSUBARA, OCD

Nasci na cidade de Santos/ SP quando o bairro da Ponta da Praia ainda nem sequer tinha o canal 7. No lugar onde ocupam os atuais arranha-céus da Av. Rei Alberto I, havia muitas casinhas de madeira e uma delas era a que eu morava. Uma pequena colônia de japoneses vivia naquele pedaço de Santos, muitos dos quais sobreviviam da pesca. Próximo dali já havia a Capela Nossa Senhora dos Navegantes e eu, filho de imigrantes japoneses, de religião budista, nasci no território da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, que era servida pelos frades carmelitas, da Ordem do Carmo. Em minha interpretação piedosa, considero isso um prenúncio de que Deus já estava me preparando para ser carmelita no futuro. De fato, a primeira igreja em que entrei na vida foi aquela de Nossa Senhora do Carmo, no bairro da Ponta da Praia, quando eu ainda era bem menino. Deveria ter, talvez, uns seis anos ou sete anos (1968-1969?).

Hoje eu sou frade carmelita descalço, com a graça de Deus. Meu caminho vocacional é marcado por surpresas e mistérios que nunca consegui entender.
Apesar de pertencer a uma família de tradição budista, desde muito pequeno senti uma grande atração pela fé cristã. Era uma mistura de medo e atração, porque ao mesmo tempo em que gostava das histórias da Bíblia que eu lia nas revistinhas ilustradas que havia na casa do meu primo, também tinha medo das imagens do Senhor dos Passos que vi na igreja e do Sagrado Coração de Jesus que tinha um coração para fora do corpo: era assustador. Somente aos 18 anos é que tomei coragem de conhecer mais a fundo o caminho do cristianismo. Fui batizado aos 19 anos (1981) na igreja Santo Antônio do Valongo, no sábado da Vigília Pascal, pelo então pároco Frei Abílio Antunes, ofm.

Entre os frades franciscanos aprendi o valor da alegria (perfeita alegria) e o cultivo das coisas simples (irmã pobreza). Foi também entre os franciscanos que despertou meu interesse pela vida religiosa e sobretudo pela vida religiosa do irmão leigo. A contemplação da natureza também foi ali que aprendi. Mas o que de mais precioso assimilei entre os franciscanos da Ordem Franciscana Secular foi o valor da fraternidade. Viver em fraternidade tornou-se um ideal para mim.
Alguns anos depois de meu batismo (1984), ingressei no Seminário dos Padres Filhos da Caridade Canossianos, em Araras/SP e depois em Ribeirão Preto/SP. Com eles aprendi o amor a Jesus Crucificado, sua entrega total e à doação de Maria aos pés da Cruz. Após os estudos de Filosofia, precisei sair... Mas continuei sendo acompanhado pelo formador do Seminário, quando inesperadamente o Carmelo entrou em minha vida.

Nunca conseguirei agradecer suficientemente a Deus por me conceder esta grande graça de pertencer a esta família fundada por Santa Teresa. O Carmelo é o lugar onde aprendi a encontrar com Jesus através do sofrimento, das pequenas alegrias, do cotidiano muitas vezes monótono, dos medos que foram sendo superados, da descoberta das amizades sinceras e da consciência, cada vez mais clara, de que só Deus será capaz de preencher este vazio que trago na alma. Sempre me vi como um carmelita diferente, estranho até... Mas tenho absoluta convicção de que aqui nesta vinha do Senhor há lugar para todos (Na casa de meu Pai há muitas moradas...), inclusive para uma criatura tão fora de padrão, como eu: distraído, lento demais para certas coisas, apressado para outras; medroso, inquieto, desconfiado, exagerado... frágil demais. Mesmo assim, nada é capaz de me tirar do coração esta certeza de que neste jardim do Senhor, a que chamamos Carmelo, até mesmo uma pedra insignificante como eu tem seu lugar.

É uma honra celebrar o Jubileu com as irmãs e partilhar desta vocação no Carmelo.

FRATERNIDADE TOCA DE ASSIS – MISSÃO SANTOS

Poder fazer parte deste dia, desta história é experimentar a alegria que faz nova todas as coisas, alegria esta que emana do Coração do Belíssimo Esposo, Aquele que nos atrai e nos impulsiona a sermos semelhante a Ele.

Contemplar a vida e vocação das senhoras é percorrer nestes 70 anos fundacionais movimento do Espírito Santo que modela, restaura e atrai o vosso sim inicial e que enche de entusiasmo e de amor em minha vocação nas exigências e nas respostas dadas livremente ao Senhor.

Olhar a entrega das senhoras é contemplar a beleza de Deus que revela na pequenez do cotidiano buscado por vós. Beleza verdadeira que se esconde aos olhares do mundo para ser encontrada somente por Deus; beleza revelada nas palavras ditas, no silêncio de um olhar; na singeleza de um sorriso acolhedor, mas sobretudo no profundo desejo de ser toda de Deus.

Este é sentido de nossa entrega, revelar em nós pedras brutas a suavidade da beleza de Deus que se manifesta no mais profundo de nossa essência que é o amor com que Ele nos criou.

Ir. Lázara Maria da Divina Misericórdia, FPSS