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Nosso Carmelo

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Carmelo de “São José e da Virgem Mãe de Deus” é o único Mosteiro de vida inteiramente contemplativa na Diocese de Santos.

Fundacao carmelo foto2Fundação e breve perfil da Fundadora

A ideia de fundá-lo partiu de Ir Maria de Jesus, (ou Tereza Caliméria Ribeiro Morais e Silva, nome civil), monja do então Carmelo em Mogi das Cruzes.

Não tendo obtido, anteriormente, licença de seu pai para entrar no Carmelo ingressou na Ordem das Cônegas de Santo Agostinho de Nossa Senhora de Jupile, iniciou seu noviciado na Bélgica, aos 04 de janeiro de 1916 e Professou aos 27 de dezembro de 1917 quando contava 24 anos de idade. Conservou, porém, sempre em seu coração o desejo de tornar-se Carmelita. Nosso Senhor a atendeu quando, apesar de seus 15 anos de Profissão Perpétua entre as Cônegas de Santo Agostinho, ingressou no Carmelo de São Paulo, como postulante aos 07 de dezembro de 1931, destinada para a Fundação do Carmelo de Mogi das Cruzes.

De família abastada e culta, tendo recebido formação esmerada, fez-se notar por sua profunda humildade, simplicidade, caridade e pobreza. De seu pai, alguns dados biográficos extraídos do jornal "A Tribuna" de Santos, evidenciam os traços morais herdados por Madre Maria de Jesus: "Belmiro Ribeiro de Morais e Silva, mais conhecido por Belmiro Ribeiro, assinalou sua vida pelas virtudes que caracterizam os brasileiros de sua geração, quando homens bons e de ação: trabalho, família, probidade, autoridade. Nasceu em Minas Gerais a 14 de fevereiro de 1869, transferindo-se para Santos em 1889. Ingressou na política e administração de sua terra de adoção, exercendo, de 1908 a 1930, numerosos mandatos públicos: Vereador, Vice-Prefeito, Prefeito por três vezes e Presidente da Câmara". Seu nome permanece inscrito na memória da cidade e dos santistas. Lembra-o, entre outras realizações de vulto, a "Vila Belmiro".

Em Madre Maria de Jesus transparecia o entusiasmo por tudo o que era de Nosso Senhor, foi realmente uma pessoa sempre rejuvenescida pelo Amor Eterno, deixando-nos o testemunho de uma feliz doação a Deus. Destacou-se por sua humildade e simplicidade junto a um coração muito bom e fervoroso, admirável empatia: fazia tudo o que estava ao seu alcance para tornar os outros felizes; grande capacidade de organização, fineza de trato, amabilidade no falar que atraía e fazia bem às almas. Queria que o nosso Carmelo se distinguisse pela caridade fraterna e esta é a principal herança que nos deixou.

Faleceu aos 29 de outubro de 1971.

Antecedentes: 15 de dezembro de 1948! Esta data registra, na verdade, o corolário de um árduo trabalho iniciado em 1944.

Seu irmão Dr. Daniel Ribeiro, co-fundador, labutava pela instalação da "fortaleza de oração" na cidade de Santos, fazendo circular "Livro de Ouro" e promovendo Campanha para angariar fundos. Mereceu, por conta disso, na inauguração do Carmelo, estas palavras de apreço da oradora da cerimônia: "Irmão solícito, amigo dedicadíssimo, conselheiro eficiente, foi o apoio seguro da Revda Madre Priora. O Carmelo de Santos teve também um irmão fundador". E de Dom Idílio, bispo diocesano, as congratulações porque pela sua dedicação e generosidade foi possível concretizar "o monumento de prece que é o Carmelo de Santos".

Depois de várias dúvidas sobre o local onde seria erigido, pelo desejo de fazê-lo em um dos morros da cidade – o de Santa Teresinha ou de São Bento – oferecedores de belíssimas vistas, renunciou-se à idéia pelo difícil acesso aos outeiros. Escolheu - se, então, o Marapé, bairro despovoado e de fácil comunicação.

Fundação: Assim, foi possível à Madre Maria de Jesus realizar o tão acalentado sonho: "enquanto nas praias abundam os pecados, o Carmelo os repara e adora a Deus". A 13 de dezembro de 1948, Madre Maria de Jesus saía de Mogi das Cruzes (Carmelo de origem, que depois foi transferido para Aparecida do Norte) acompanhada de Irmã Maria Ângela da Eucaristia e da Cruz, do Carmelo de Fortaleza; Irmã Maria Gema da Eucaristia e Irmã Maria de São João Evangelista, ambas do então Carmelo de Mogi das Cruzes e duas postulantes.

Mosteiro: Chegando a Santos, a comitiva uniu-se aos familiares de Madre Maria de Jesus nos trabalhos de arrumação da casa para a solene inauguração no dia 15. Às 8:00h do esperado dia, Dom Antonio Alves Siqueira, bispo auxiliar de São Paulo, rezou a primeira Missa na Capela provisória do Mosteiro, ainda em construção. Às 16:00h Dom Idílio José Soares, bispo diocesano de Santos, abençoou as dependências do Mosteiro e logo após encerrou a clausura.

"Eis o Carmelo do Vosso Amor e de Vossa Misericórdia, dizia Madre Maria de Jesus na oração que compôs para o dia da Fundação. Eis as pedras vivas que escolhestes para elevar Vosso edifício. Que só o Vosso Amor reine em Vossa Casa". E assim, o pequeno grupo das Irmãs pôs-se a "construir" a nova Comunidade, como verdadeiras pedras vivas, enquanto com seu trabalho e ajuda de benfeitores se ia concluindo o prédio material.

A Comunidade se estruturou como verdadeira família carmelitana, graças, sem dúvida, ao empenho da Madre e Irmãs fundadoras, e com a ajuda fraterna de Irmãs de outros Mosteiros, oferecendo seu testemunho e experiência.

CARMELO, FELIZ VISÃO DE PAZ!

(Extraído do Santos-Jornal, de 14 de dezembro de 1948) 

"Que contraste atordoante!

Enquanto, na lufa-lufa das preocupações materiais, a sociedade paganizada engrossa o alude sem fito nem destina, outra gente foge desta mesma sociedade, sem desdenhá-la, e se oculta para salvá-la. De um lado vemos o império do corpo e dos sentidos; do outro, assistimos, através da clausura fechada, às apoteoses do espírito sobre tudo o que o modernismo denomina valor. Muitos gozadores profanos hão de rir zombeteiramente. Dirão que é loucura abandonar este mundo tão belo, tão repleto de vaidades elegantes. Mas, acaso, a felicidade deixa de ser sincera porque os mentirosos falam dela?

"Imoladas no holocausto espontâneo, alegre, salvador, as Irmãs Carmelitas resolverão todos os problema da cidade de Santos. Reclusas na cela estreita, não poderão visitar os enfermos e encarcerados; não entrarão apostolicamente nos cassinos e hotéis ‘chics’, onde se exibe a futilidade tal qual ‘miss qualidade’; não verão as praias coalhadas de ausência de pudor; não pedirão de porta em porta o auxílio de uma assinatura para a boa imprensa; não darão aulas aos moleques abandonados; não cuidarão da velhice e da orfandade, nem mesmo sairão a pregar com o exemplo, dado em praça pública. Mas a vida de oração e penitência, a união constante com Deus, a súplica ardente, o amor apaixonado pelo sacrifício, que não é descrito nas colunas de jornais, a atividade espiritual e mística forçosamente repercutirá no povo católico e não católico de Santos.

Bendita a hora em que se lançou a pedra fundamental do edifício do Carmelo em terra de Brás Cuba! Abnegados corações que trouxeram para cá as Filhas de Santa Teresa de Jesus e irmãs de Santa Teresinha! Já sonhamos com os milagres morais, renovadores de nossa vida espiritual!

A esperança de melhores dias tinge de verde este final do ano de 1948. Tínhamos tudo, mas faltava-nos um Carmelo e, por isso, não tínhamos nada, quase nada.

Quando nas Paróquias se fizer campanha cerrada contra o indiferentismo religioso; quando os Reverendos Vigários pregarem ardorosamente sobre o Seminário e as Vocações Sacerdotais; quando, a plenos pulmões, advertirem o povo da necessidade de assinar, propagar e amar a Boa Imprensa, a quem se deverá o resultado de todos os esforços?

Ao Carmelo, que reza e fecunda com lágrimas a terra seca!

Ao Carmelo encomendamos: a santidade nas famílias, a moralização dos cinemas, o recato nas praias, a frequência piedosa às Missas dominicais, a honestidade no trabalho, o respeito aos direitos do próximo, a destruição caridosa das superstições espírita, o enfraquecimento do protestantismo, a vitória da graça divina, mau grado as relutâncias da vontade humana enfermiça, indolente, inconstante.

Marapé, bairro ditoso, foco de irradiação de fé e amor!

Carmelo, prisão voluntária por toda a vida de alguém, para que haja liberdade para as almas aguilhoadas pelos vícios!

Carmelo, mansão silenciosa onde Nosso Senhor se digna pousar os pés, santificando uma cidade! Santuário das nossas orações dispersas, descontrolada, errantes! Consolo em nosso desânimo diário! Fortaleza contra as investidas de Satã! Escola que nos ensina a soletrar o livro da Cruz! Catedral, onde reza uma Diocese, presente do Natal de 1948 aos filhos inocentes!